Na noite de escolha do hino oficial, o pavão azul e amarelo também coroou Mayara Lima como sua Rainha de bateria
Na noite desta Sexta-feira, o Paraíso do Tuiuti escolheu seu hino para o carnaval de 2023. Além da escolha da obra, a agremiação também coroou Mayara Lima como sua rainha de bateria.
A beldade repetiu todo sincronismo com a bateria que a tornou conhecida no ano passado após a
viralização de um vídeo nas redes sociais. Muito samba no pé, carisma e simpatia, além do vídeo
viral a levaram ao trono este ano.
Desde 2018 a escola não realizava disputa de samba-enredo, optando por samba encomendado a um grupo de compositores. Na retomada do concurso, a parceria campeã de Claudio Russo, Moacyr Luz, Gustavo Clarão, Júlio Alves, Alessandro Falcão, Pier Ubertini e W Correia assina a obra. O enredo “Mogangueiro da cara preta”, será desenvolvido pelos carnavalescos Rosa Magalhães e João Vitor Araújo.
Confira o Anúncio do Samba Vencedor
Vídeo originalmente publicado pelo GRES Paraíso do Tuiuti em suas redes sociais
Confira a Coroação da Rainha Mayara Lima
Confira a Letra do Samba
Num mar de tempestade e ventania
Foi trazendo especiarias que o barco naufragou
Nós moscada, cravo, iguarias
No caminho para as índias a história eternizou
O marinheiro se perdeu na madrugada
O mogangueiro correu para o igarapé
A curuminha entoou uma toada
Enquanto abria se a flor do mururé
E nesse encontro entre o rio e o oceano
A grande ilha que cultiva o carimbó
Dizem que bichos ainda falam com humanos
Há muitos anos na ilha de Marajó
É! Batuqueiro no samba de roda curimbó
Quero ver você cantar como canta o curió
Okê caboclo onde vai a piracema?
Rio acima segue o voo de uma juriti pepena
Há mão que modela a vida
No barro marajoara
E o búfalo que pisa
Esse chão do parauara
Chama o mestre damasceno
Pra entoar esta canção
Das cantigas da vovó
Do tempo da escravidão
É lá! É lá! É lá!
Canoeiro vive só morená
É lá! É lá! É lá!
Mas precisa de um xodó
Cadê o boi?
O mogangueiro, o mandingueiro de oyá
Meu tuiuti não tem medo de careta
Traz o boi da cara preta do estado do Pará
Sinopse de Enredo
Enredo: Mogangueiro da Cara Preta
O termo “especiarias” era conhecido na Europa nos séculos XIV e XV para designar temperos e condimentos, que não só davam mais sabor aos alimentos como serviam também para conservá-los, sendo alguns usados como remédios. Os preços altíssimos cobrados então causaram indiretamente o “Descobrimento” da América e do Brasil. Sua importância vai até os dias de hoje.
Quem nunca saboreou um mingau com canela ou um doce de coco com cravo da Índia – que até hoje mantém no nome sua origem? Neste rol de especiarias, vamos listando a pimenta do reino, a canela, o açafrão, o anis, e até mesmo a noz moscada, natural da Indonésia, mas que se aclimatou muito bem na Índia, além do cominho e o curry. Na verdade, esses são alguns dos produtos que enriqueceram a mesa europeia a partir da Idade Média.
Seu alto custo era cobrado por importadores que bloqueavam sua comercialização. A saída foi
procurar um caminho direto a seus produtores, pelo mar – dando origem às “descobertas” de novas terras.
O comércio se tornou bastante comum entre o Ocidente e o Oriente. E assim começa nossa história…Conta-se que um carregamento de búfalos, originários da Índia, também fez parte desse grande rol de exportações.
Viajavam num navio que, devido a forte tempestade, acabou naufragando perto da costa brasileira.
Muitos deles, milagrosamente, conseguiram se salvar nadando até a terra firme. Chegaram a um lugar que, tal qual a Índia, era habitado havia milhares de anos. Desses antigos moradores, temos apenas restos de uma civilização admirável em seus trabalhos em argila, cuja fabricação era especialmente decorada.
Nossos búfalos sobreviventes se aclimataram muito bem nessa região. Foram se multiplicando e hoje
formam o maior rebanho de búfalos do país. A terra que os acolheu era em alguns lugares alagadiça,
e esses animais se refrescavam nesses oásis de águas cristalinas, por conta de sua constituição que
lhes permitia sair d’água sem esforço graças a seus fortes músculos traseiros.
A terra a que chegaram tão bravamente, na verdade era uma ilha, a Ilha de Marajó, situada entre a desembocadura de um rio e o oceano. E seu povo tem por esses animais a maior reverência. Aproveitando as influências de festas nortistas, Mestre Damasceno, grande artista popular marajoara, criou um “Búfalo – Bumbá”, uma adaptação do Auto do Boi, tendo como figura central o búfalo.
A presença do boi foi largamente disseminada entre os povos Bantos africanos que, no período da colheita, conduziam um boi estilizado, em procissão animada por cantos e danças. Os escravos, cantadores de muitas gerações, usavam palavras e ritmos de seus universos poéticos, narrando aventuras de outros tempos e espaços, com histórias nas quais os bichos falavam, dançavam, cantavam e assombravam reinos humanos e os animais.
“Que já houve um tempo em que eles conversavam entre si e com os homens é certo e indescritível, pois que bem comprovado nos livros de fadas carochas. Mas, hoje em dia, agora, agorinha mesmo, aqui, ali e em toda parte, poderão os bichos falar e serem entendidos, por você, por mim, por todo mundo, por qualquer filho de Deus?!”
São histórias contadas pelas avós.
“Meu boi preto Mogangueiro,
árvore para te apresilhar?
Palmeira que não debruça: buriti
– sem entortar…”
Os búfalos passeiam pela cidade, servem de montaria para a polícia e ajudam na coleta do lixo. E, à noite, ouve-se as vozes de mães ninando seus pequenos:
Boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta…
Rosa Magalhães.
João Vitor Araújo.
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